Dados do Inca mostram que a doença deve atingir mais de 10 mil brasileiros só neste ano
O mês de fevereiro foi escolhido para conscientizar a população sobre os cuidados com a leucemia, câncer que tem início nas células-tronco da medula óssea (a fábrica do sangue). Conforme o Instituto Nacional de Câncer, o Inca, a doença deve afetar mais de 10 mil brasileiros a cada ano do triênio 2020-2022. Esta estimativa corresponde a 5.920 casos em homens e de 4.890 em mulheres.
A médica hematologista e especialista em transplante de medula óssea, Marina Aguiar, da Oncoclínicas Brasília, explica que na leucemia, as células sanguíneas defeituosas se formam e atrapalham a produção das saudáveis da medula óssea, diminuindo seu número normal. “Ela é classificada como aguda ou crônica, de acordo com a velocidade de crescimento das células doentes assim como de sua funcionalidade”, comenta.
Ela exemplifica cada um dos tipos: “a leucemia aguda progride rapidamente e produz células que não estão maduras e não conseguem realizar as funções normais”, aponta. “A leucemia crônica, entretanto, normalmente progride lentamente e os pacientes têm um número maior de células maduras. No geral, essas poucas células maduras conseguem realizar algumas das funções normais”, complementa a Dra Marina.
A especialista, que também atua no Hospital Anchieta de Brasília, pontua que a leucemia também é classificada a partir do tipo de célula do sangue que está doente. Isso quer dizer que as células doentes da leucemia são os glóbulos brancos produzidos na medula óssea. “Um tipo de glóbulo branco doente é chamado de ‘mieloide’ e o outro tipo de ‘linfoide’. O nome dos quatro tipos de leucemias descreve quão rápido (aguda) ou devagar (crônica) a doença progride e identifica o tipo de glóbulo branco que está envolvido (mieloide ou linfoide)”, ressalta.
Dessa forma, a leucemia se divide em quatro tipos e ainda por faixa etária.
– LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA: comum em adultos
– LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA: adultos, a chance de se desenvolver aumenta com a idade.
– LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA: mais comum em crianças
– LEUCEMIA LINFOIDE CRÔNICA: mais comum em idosos
Há fatores de risco para a doença?
De acordo com a médica há poucos fatores de risco conhecidos para a leucemia. Ela cita alguns deles: “a exposição às radiações e a produtos químicos, infecções virais, síndromes hereditárias, tabagismo, medicamentos quimioterápicos, doenças do sangue e o histórico familiar podem ser causas da doença”.
“Ter um fator de risco ou mesmo vários, não significa que você vai ter uma doença como o câncer. Muitas pessoas que contraem a doença podem não estar sujeitas a nenhum fator de risco conhecido”, destaca. Ela continua: “se uma pessoa com leucemia tem algum fator de risco, é muito difícil saber o quanto esse fator pode ter contribuído para o desenvolvimento da doença”.
Diagnóstico precoce é crucial
Conforme Dra Marina, a descoberta em estágio inicial torna o tratamento mais eficaz e a melhor maneira de diagnosticar a leucemia em estágio inicial é relatar, imediatamente, a um médico quaisquer possíveis sinais e sintomas de leucemia.
Segundo a hematologista, os sintomas mais comuns são: sensação de cansaço, de fraqueza, tonturas, vertigens, falta de ar, febre, infecções graves ou frequentes, hematomas e/ou hemorragias. “Temos indícios gerais também, como: perda de peso, febre, sudorese noturna, perda de apetite ou ainda, inchaço no abdômen devido ao aumento do fígado e baço, aumento dos linfonodos e ainda dor óssea ou articular”, acrescenta.
Tratamentos
De acordo com a especialista, a quimioterapia é o principal tratamento para quase todos os pacientes com leucemia, mas cada caso deve ser avaliado individualmente.